Havia um tempo em que eu não me preocupava muito com o significado das palavras e que eu achava que semiótica era o adjetivo que se dá a uma pessoa quase míope: ou seja, a relação entre o óculos e quem os usa... Descobri com o passar do tempo que semiótica era mais ou menos o que eu achava que era, só que não unicamente limitada ao sentido mais cego que se dá à visão.
Esta semana li um artigo de um brilhante semiotista e tradutor, doutor em lingüística e língua portuguesa. Ele fala da relação do significado de algumas palavras estrangeiras com as culturas dos povos que as usa. Muito interessante. No português também temos palavras simples e curtas que têm um significado profundo e único. Exemplo clássico: saudade.
Em alemão se diz Scheissenbedaueuern (se pronuncia xissenbedóierrn, me corrijam os experts na cultura germânica) que significa ´frustração de quando alguma coisa acaba não sendo tão ruim como se esperava´. Me perdoem os alemães, mas haja criatividade... Esta manhã conversando com minha empregada, que é pernambucana, percebi que em português um ah jesus resolveria o problema...
Uma outra palavra interessante é a bakkushan, que em japonês quer dizer ´uma jovem que parece bonita de trás, mas pode não ser bonita quando vista de frente´. Provavelmente a origem remota dessa palavra venha do português de ´bagulho´ .
Agora fantástica achei essa, também alemã: drachenfutter, descrita no artigo como presente que um marido culpado oferece à esposa para se redimir, cujo sentido literal é ´ração´ (futter) para ´dragão´ (drachen). Gostei dessa palavra, principalmente por quê em português realmente não existe nada parecido, principalmente no tocante ao sujeito praticante da ação ...
Aqui funcionaria bem ´tingo´, do rapanui , que significa pedir emprestadas, uma a uma, as coisas da casa de um amigo até não sobrar nada ou ainda ainda giomlaireachd (do gaélico escocês) que significa aparecer na casa dos outros na hora das refeições sem avisar.
De qualquer forma, admiramos quem pode dizer o que não temos coragem de dizer e duvidamos de quem tem a praticidade de utilizar boas e poucas palavras, independente da cultura que haja por detrás do pronunciante.
A comunicação é algo maravilhoso e que desafia as mentes mais céticas. Me lembro uma vez de ter presenciado um diálogo entre um engenheiro chinês e um carpinteiro piauiense em São Paulo na montagem de um evento internacional. Eles conversavam, riam, contavam piadas, trabalhavam um pouco e me perguntei qual seria o assunto travado em mandarim, português e mimiquês.
O ser humano é maravilhoso e a comunicação e o entendimento entre eles é uma das artes mais complexas do universo: haja semiótica !
Claudinha
quinta-feira, 22 de maio de 2008
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