sábado, 11 de abril de 2009

OS NÃO-HÍBRIDOS ESTÃO EM FALTA

Num final de semana inspirado, resolvi escrever meu terceiro post. Histórico. Quando faltam ouvintes, rezo para que sobrem leitores. Ora, pois não é o escritor aquele que tem preguiça de falar e excesso de zelo ao escrever ? Heis-me !

Cheguei à conclusão hoje que os homens não são de Marte e as mulheres não são de Vênus. As mulheres são da Terra e os homens são da Lua, tanto é que foram justamente ELES que primeiro pisaram por lá.

Tal conclusão deve-se ao conjunto de análises através da metodologia científica de estudos de caso e catalogações através de relatos colhidos de amigas, vizinhas, bis, homossapiens e homossexuais.

Se Marte é o símbolo dos guerreiros, da espada de São Jorge, das grandes guerras, do signo de Áries e Vênus é o símbolo do belo, do amor, do sensível e do suave, alguma coisa está errada. Deixemos as grandes conquistas e guerras no passado. Deixemos a mitologia filológica dos deuses para trás. A Terra é o lugar onde vivemos. A Lua é o lugar onde permanecem aqueles que não tendo nada de muito interessante para fazer, ficam a observar o que nós pobres aliens fazemos para sobreviver e atingir a felicidade ainda neste eon.
A fim de não desvirtuar o propósito principal deste blog que é falar sobre a diversidade humana e suas nuances, reitero que tal conclusão paradigmática foi tirada de forma simples e objetiva.
As mulheres não são mais tão românticas, tão sensíveis, tão suscetíveis nos dias de hoje. A mulher contemporânea não vem de Vênus, vem da Terra. São as pachamamas do futuro da humanidade. Os homens de hoje talvez devessem habitar a Lua, ficar por lá, onde pisaram pela primeira vez nos idos 50´s para ficar observando as mulheres inquietas aqui a fazer uma revolução silenciosa de saltos altos no plenário, nas empresas, nas artes, nas sociedades...

Não pensem que sou feminista, não. Nós precisamos deles sim, mas não dos híbridos estilo PRIOS. Precisamos dos verdadeiros, daqueles que são responsáveis por seus atos, por suas escolhas e que não têm medo de dizer que adoram que uma mulher pague a conta de vez em quando, que adoram ser paparicados, que assumidamente se sentem sós de vez em quando, que assumidamente acham um saco ter de torcer para um time de futebol, que realisticamente odeiam vulgaridade e que sabem gostar e desgostar de algo ou alguém. Esses – que não vivem no mundo a Lua – estão em falta.

Os não híbridos estão em falta aqui na Terra.

Claudinha

VIVA O CUBA-LIBRE !

Ontem fui assistir CHE. A história é manjada, os hermanos arrasam no estilo ´el durón ´ para retratar a tomada de Cuba. Rodrigo Santoro bem que tentou, mas falou pouco e com uma dificuldade inmensa de esconder o sotaque luso-carioca debaixo do castellano derribado. Bom, o que vale é a intenção e com aquele sorriso maravilhoso dele, quem disse que ele precisa falar ? Desculpa Rodrigo, sou sua fâ, mas você pode fazer mais que figuração de luxo em LA.

Saí do cinema pensando. O filme é bom, fotografia linda. Cuba deve ser linda mesmo sobre tanta velharia histórico-colonial e já tão enferrujada pela boemia marxista observada por olhos curiosos de turistas retardatários, bem nascidos ao sol do capitalismo contemporâneo e indiferentes à arquitetura comunista das colunas sociais cubanas.

Às vezes acho que tenho um problema sério. Tenho uma dificuldade canibal de conseguir entender a fundo filmes e documentários sobre política, guerras civis, revoluções culturais de cunho étnico etc. Às vezes acho que faltam alguns conjuntos de neurônios republicanos (ou democratas) em meu cérebro. Não que eu seja apolítica, não ! Lo que pasa é que eu vejo as pessoas, observo como elas se portam, se os atores realmente percebem a profundidade da mensagem que estão ali para transmitir, se o roteiro foi escrito com paixão, se a fotografia é noir ou allegro...

Fidel tinha uma determinação, conquistar Cuba, tirá-la do domínio dos imperialistas e conseguiu. O que ele fez depois com tudo que tirou dos imperialistas E dos cubanos, deixemos pra lá. Acho que consigo enxergar esses personagens como pessoas simples que tinham uma determinação e que realizaram algo, que seguiram seus sonhos. Na minha forma matuta de pensar, descobri que é mais fácil observar as pessoas que estavam contidas dentro dos personagens, a arte que foi usada ali na película para falar sobre aquelas pessoas e a mensagem implícita que ficou ao final do filme.

Me perguntem o que entendi do filme juntando com meus parcos conhecimentos sobre a Revolução Bolivariana (é essa a revolução ou tem outro nome?). Che foi um idealista que virou herói e morreu doente na selva sem o Fidel por perto (isso eu estudei). Os cubanos que se renderam à trupe de Fidel foram covardes. Fidel foi além. Percebeu que ser idealista não bastava, virou um imperialista de um reino só.
Vejam: os personagens mudam, mas as histórias se repetem. Eles foram atrás de seus sonhos, provocaram mudanças na história. Sempre haverá os que provocam as mudanças e os que retratam as mudanças. Há um outro grupo também que é dos que não provocam mudanças mas não se conformam com as mudanças.

Lembrem-se: a única constante na vida é a mudança. Bom mesmo é ser livre para mudar para aquilo que se – lhe parece melhor. Nada melhor que ser simplesmente humano para mudar.

Claudita

quinta-feira, 9 de abril de 2009

DARYOKU !

Jurei para mim mesma que evitaria ao máximo escrever sobre meus alunos, mas confesso que não consegui deixa que a inspiração privasse meus leitores de umas boas prosas cômicas.
Eu não sabia muito sobre a cultura japonesa quando fui me aventurar a dar aulas de português e cultura brasileira para dois executivos japoneses. De uma coisa eu sabia: não seria fácil, mas decidi então que teria de ser divertido.
Explicar a diferença em ç, s, ss e z foi um dos primeiros desafios. Como explicar que na palavra casa o s tem som de z para alguém que nem inglês fala direito ? Haja criatividade. Para falar sobre a diferença entre o uso do R ou do RR foi mais fácil. Já que a empresa onde os dois executivos trabalham é uma fábrica de carros eu expliquei que o caRRO deles era caRo sendo ambos da área de marketing de produto, aprenderam !
Numa das manhãs em que eu estava meio de saco cheio e tinha de fazer o japonês entender de qualquer jeito a soletrar o alfabeto, resolvi desenhar uma árvore genealógica no quadro e comecei a perguntar sobre a família dele. Pai-Father. Mãe-Mother. Tio-Uncle. Tia-Aunt. ´Ah, sokka´ (ah entendi), dizia o meu aluno. Aí comecei a perguntar o nome dos parentes dele. Ele começou a dizer e claro que eu não entendi ! Então tive a brilhante idéia de pedir a ele para soletrar os nomes dos parentes... Em português. Aí ele disse ´andarô!´ (difícil!). Pois heis o cúmulo da maldade linguística: fazer um japonês soletrar os nomes dos parentes dele em português. Que funcionou, funcionou. ´Toné´ (ah tá).

Um dos alunos depois de 6 meses de aula já conversa em português comigo. Muito dedicado ele. Descobri há poucos dias através do meu outro aluno que ele arrumou um dicionário de cabelos loiros. O danado do japonês aconselhou o amigo recém-chegado do Japão, casado, com dois filhos pequenos a arrumar uma namorada para aprender português mais rápido. Fiquei atônita !

É certo que o meu aluno mais jovem, que chegou há apenas 2 meses do Japão com mulher e filhos está achando tudo maravilhoso, essa liberdade toda, essa paparicação, festas todas as semanas.

Minha missão é fazê-los se comunicar e a entender um pouco mais sobre esse país singular, cheio de culturas e o importante é o ´daryoku´ (esforço).

Haja daryoku !

Claudinha