sábado, 15 de dezembro de 2007

ALGUMAS DEFINIÇÕES MASCULINAS

Nada como ouvir da fonte as verdades que muitos homens têm pouca ou nenhuma coragem de dizer a uma mulher. A fonte será preservada por motivos de compatibilidade ideológica.

Segue abaixo a coletânea de máximas nada cartesianas:

´Homem que é homem não tem amiga. Se disser que tem amiga é por quê tem ou teve um caso com ela´.

Ao ouvir essa fiquei atônita, pálida, muda. Estatisticamente é verdade...

´Os piores inimigos do homem são a cerveja e a mulher´.

Tive de questionar o por quê. Ele me explicou que quando o homem toma muita cerveja ele certamente perde os limites e geralmente tem alguma mulher por perto para botar lenha na fogueira. O que dizer, bom, estatisticamente também acho que é verdade.

´Homem não casa com mulher independente´.

Essa eu nem precisei questionar. Estatisticamente é verdade absoluta.

´A mulher não deve fazer o que tem vontade mas deve dizer o que tem vontade´.

Também dessa vez eu tive de silenciar. É como dizia o meu amado escritor Gabriel García Márquez: ´ninguém vai se recordar de ti por conta de teus pensamentos secretos´. Mais uma vez fui obrigada a concordar.

´Homem não gosta de mulher que reclama´.

Nem questionei. Estatisticamente ´mega-blaster´verdadeira a afirmação. A recíproca é verdadeira, pensei.

´Homem não gosta de mulher perua, mas também não gosta de mulher relaxada´.

Ufa !

´Homem não gosta do vestido da mulher ou da nova cor do cabelo dela, ele gosta e elogia o corpo´.

Nossa, como que eu nunca tinha reparado nisso ?

´Homens quando se reúnem só têm três assuntos: mulher, futebol, mulher´.

Aqui eu também tive de me calar pois não fico prestando atenção na conversa dos outros, é falta de educação. De qualquer forma, não fiquei surpresa em saber.

´Homem que convida a mulher para tomar um ´drink´ geralmente já passou da idade do Mickey.

Absoluta, inquestionável e estatisticamente verdadeiro !

Graças a minhas pesquisas homus-focus-populis estou construindo um modelo estatístico de estudo da mente masculina que seja passível de análise linear e racional não-reptiliana.

Estou cadastrando candidatos para as entrevistas. De preferência que gostem muito de cerveja.

Claudinh@

quinta-feira, 15 de novembro de 2007

BLACK BOX

Esta semana brinquei de forca. Foi a única brincadeira que eu lembrei para poder ensinar inglês para a minha nova aluna, que tem apenas 9 anos. Ela foi tão gentil e educada ao perguntar se não tinha outro jeito de aprender inglês a não ser usando o livro que não resisti:

- Ah, você tem razão, esse livro é muito chato mesmo. Vamos brincar do quê ?

Descobri que não sabia mais brincar de forca... Desenhei a bonequinha inteira e depois fui fazendo um x nas partes do corpo da bonequinha a medida em que minha aluna não acertava as letras da palavra que eu tinha imaginado para o jogo. Menos mal que ela gostou da minha boneca de lacinho. Já comecei a pesquisar se existe mangá em inglês, pedi ao especialista da família para fazê-lo para mim, um nobre cavaleiro estilo Cosplay Naruto de 14 anos.

Outro dia tive de fazer a seguinte pergunta para um outro aluno, este já num nível intermediário do idioma, um precoce menino de 12 anos (claro tudo pelo método moderno de aquisição de idiomas que a escola usa):

- Quando você morrer, onde você desejará que seja o seu túmulo e que palavras você gostaria que estivessem escritas na sua lápide ?

O garoto olhou para mim com os olhos arregalados por trás do seu óculos de intelectual sorriu talvez querendo dizer algo como ‘você não pode estar falando sério’. Eu poderia ter pulado a pergunta, mas quando percebi já era tarde demais. O garoto sorriu e disse:

- Mas eu só tenho 12 anos !

Tive de sair dessa. Improvisações a parte, acabei ajudando o garoto a construir a frase que ficou mais ou menos assim:

- Aqui jaz um cara legal. Divirtam-se a aproveitem a vida também.

Ainda bem que isso aconteceu bem no final da aula ! Ufa ...

Para quem nunca planejou ensinar, tenho gostado da experiência, embora tem dias que eu tenha vontade de dizer que a consulta como psicóloga custa dez vezes mais que a aula de inglês.

Sem problemas, vou recomendar a escola que faça um bom convênio com um consultório de psicologia ou então vou fazer pós-graduação em psicologia cognitiva e me tornar uma professora de inglês-terapeuta.

O mais maravilhoso é perceber que a diversidade humana é que faz da vida algo tão fantástico !

Como dizem os americanos, life is a black box. A vida é uma caixinha de supresas mesmo!

quarta-feira, 14 de novembro de 2007

O REI E O ANEL

Era uma vez um rei que administrava seu reino com extremo zelo e que para tanto contava com bons conselheiros e até mesmo com um sábio em sua corte, além de fiéis cavaleiros bem preparados para um combate inesperado.

Numa manhã o rei recebeu de presente de um visitante nobre um belo rubi e mandou chamar o joalheiro da corte para pedir a este que criasse um anel, que seria o seu anel da sorte, pois assim o aconselhara o visitante que lhe presenteara a pedra.

O rei pediu ao joalheiro que criasse um pequeno compartimento no anel que deveria estar exatamente debaixo do rubi, onde um pequeno pedaço de papel pudesse ser armazenado. Como o compartimento era muito pequeno, qualquer coisa que se escrevesse naquele pequeno pedaço de papel não poderia ultrapassar quatro palavras.

Quando o anel ficou pronto o rei mandou chamar o sábio e lhe explicou sobre o anel. O rei então pediu ao sábio que lhe escrevesse as quatro palavras que lhe pudessem ser úteis num momento de extrema necessidade ou desespero.

O sábio assentiu e pensou por um instante. Chovia há dias e o sábio disse ao rei que assim que a chuva passasse ele entregaria ao rei as quatro palavras já escritas no pequeno papel tendo-o colocado no compartimento do anel da sorte do rei.

Dito isto, o rei concordou e entregou o anel ao sábio.

Passados dois dias e também as chuvas que irrompiam no reino há quase uma semana, o sábio devolveu o anel ao rei e disse:

- Majestade: abra o compartimento do anel somente num momento de extrema necessidade.

O rei concordou e colocou o anel no dedo. Passadas algumas semanas, o reino foi invadido por bárbaros e estes queriam a cabeça do rei para poderem tomar posse do reino. O rei percebeu que seu exército era muito mais fraco que o do inimigo e que fôra pego de surpresa. Era a ele que eles queriam.

Não lhe restava outra alternativa senão fugir em seu cavalo. Sem alarde pediu a seu servo imediato que preparasse seu melhor cavalo e partiu sem rumo. Os bárbaros o perseguiam e o rei se sentia acuado e em desespero.

O rei tinha decidido poupar seus soldados uma vez que o exército inimigo era duas vezes maior que o seu próprio exército e sabendo ele que era a sua cabeça que os bárbaros queriam, decidiu partir só para poupar vidas e afastar a atenção dos bárbaros para uma região vizinha a do seu reinado.

Foi então que o rei lembrou-se do anel. Abriu o compartimento e pegou o pequeno pedaço de papel onde estava escrito:

- ‘Isso vai passar.’

O rei sentiu-se de alguma forma aliviado, enxergou logo adiante uma clareira, entrou nela, se escondeu, até que os bárbaros, já o tendo perdido de vista desistiram e partiram.

Já seguro, o rei retornou ao povoado onde todos o aguardavam ansiosos, uma vez que não acreditavam que ele ainda pudesse estar vivo. Quando o viram retornar são e salvo, houve festa e exultação geral entre todos. O rei sentia-se orgulhoso de si mesmo e em êxtase por estar vivo e por ter retornado ao seu reino que permanecera intacto.

Neste momento, o rei recordou-se das palavras escritas no pequeno pedaço de papel contido no anel pelo sábio e o mandou chamar. Ele agradeceu o sábio pelas palavras escritas. O sábio pediu ao rei que lesse novamente o papel.

O rei questionou pois ele estava tão feliz, tão alegre, não havia motivo algum para desespero naquele momento e nenhuma vida tinha sido perdida na quase batalha. O rei estava orgulhoso de si mesmo e alegre.

O sábio repete:

- Majestade: lhe peço que leia novamente o pequeno papel.

O rei olha com atenção ao semblante sério do sábio e abre o compartimento do anel e lê:

- Isso também vai passar...

(este texto é uma adaptação livre de uma parábola sufi)

segunda-feira, 8 de outubro de 2007

MENSAGEM AOS PUBLICITÁRIOS DE PLANTÃO

Hoje vou homenagear os publicitários de plantão, bem como estagiários de jornalismo e de comunicação e empresários da área. Aí vão algumas máximas:

O publicitário pergunta ao empresário:
- Qual a sua verba?

O empresário responde.

O publicitário conclui:
- Sugiro que o senhor adquirira um megafone de última geração. É bem eficiente para este tipo de verba.

Outra. "O Brasil é um país dos que fingem que trabalham e dos que fingem que pagam".

Outra. "Macunaíma é a tradução para o tupiniquim de Maquiavel". Vide o último capítulo da novela Paraíso Tropical semana passada na Globo. O autor da novela e a editora Abril conseguiram antecipar na ficção o que nem a realidade poderia ter criado com tamanha maestria, é por isso que o Brasil ganha tantos prêmios em Cannes, haja inspiração !

Os antigos romanos já ensinavam que o segredo da manipulação da massa é dar pão e circo para o povo. O Senado brasileiro não mede esforços e tem feito sua parte.

O que faltam são padarias.

Claudinh@

quinta-feira, 4 de outubro de 2007

UMA IMIGRANTE NÃO EMIGRADA

A ausência por aqui não foi falta de inspiração nem de amor à literatura ou mesmo de fidelidade aos leitores do meu blog. Foi somente um espaço de tempo onde fui à China e voltei a São Paulo.

Dedicarei uma crônica inteira à China, mas não hoje. Calma. Hoje minha inspiração me leva a falar de um tema surgido durante um jantar com um amigo brasileiro na semana passada, que emigrou para o leste europeu há 10 anos, mais especificamente para a Hungria. Aliás, muita gente não sabe que a origem do nome Hungria é fome ! Isso mesmo: fome. Hungary significa fome em inglês.

Ainda não conheço Budapeste, adoraria sentar num restaurante da Paris do Leste e ouvir um grupo de ciganos tocar seus violinos tomando uma taça de ‘Tokay’ ou do tal do ‘Gere’. Este último é o vinho produzido pelo pai daquele famoso ator, Richard Gere, que é húngaro. De todas as formas, dizem que o vinho é excelente.

Eu e meu amigo Gábor conversávamos sobre economia e política brasileiras, ambos contávamos sobre como foram os dois últimos anos de nossas vidas, os dele em Budapeste e os meus aqui em São Paulo.

Acho que acabei fazendo-o de psicólogo. Como bom ouvinte que ele sempre foi, ouviu atentamente aos meus lamentos tupiniquins a despeito da carga tributária, da corrupção brasileira e de minhas próprias mazelas econômicas.

Enquanto conversávamos, ele me contava sobre a vinda de seu pai imigrante ao Brasil por volta de 1950. Anos em que o Brasil ainda era inóspito aos olhos europeus, mas o governo brasileiro nem tanto. O país precisava do conhecimento e da determinação de imigrantes que traziam consigo a dor da fome, da guerra e do frio.

Cheguei à conclusão e disse a meu amigo que tenho me sentido como uma imigrante que nunca emigrou. Tive todos os sintomas do imigrante recém-chegado em minha própria terra nos últimos três anos.

Guardadas as proporções lingüístico-metafóricas, sentir-se num país onde não se consegue entender a política, não se consegue entender os noticiários sobre economia por quê eles parecem tão surreais, não entender por quê as empresas pequenas pagam tantos impostos e as grandes ganham perdões tributários, não entender por quê tentativa de assalto dá cadeia e de suborno dá mídia...

Como imigrante não-emigrada desisti de tentar compreender. Hoje falo mais inglês que português no país de onde não emigrei e onde me condicionei propositalmente a me sentir como uma imigrante: é mais suave a música que se sente que a música que se verbaliza em vocábulos.

É certo que uma vez por ano meu amigo vem matar as saudades do arroz-com-feijão e bife, do Sonho de Valsa (que não é mais o mesmo depois que a Lacta vendeu sua fábrica para a americana Kraft Foods) e da pizza paulistana. Goulash toda semana ninguém merece !

Fiquei com o arroz-com-feijão, fritas e bife acebolado, deixa o goulash para os gringos.

Klaudynha

terça-feira, 7 de agosto de 2007

UMA QUESTÃO DE ESTILO

Em dias de crise existencial quando tudo parece singelo e frágil, heis que surgem as grandes idéias que nos fazem esquecer que uma existência física não passa de uma fração de segundo no tempo universal ou de uma experiência emocional prolongada.

Nada como observar as pessoas para entender um pouquinho os seres mais complexos do universo. Acho até que me divirto com isso.

Outro dia caminhando pela calçada perto de casa comecei a prestar atenção nos transeuntes, sem dar muito na cara claro, porquê ficar encarando os outros é falta de educação. Reparei bem num rapaz que trajava terno e gravata que caminhava como se fosse uma alma desajeitada num corpo estranho que casualmente lhe pertencia.

Fiquei pensativa. Pensei, pensei, pensei. Estranho isso. Tem pessoas que parecem mesmo não pertencer aos seus corpos. É como se o corpo quisesse ir para um lado e a mente para outro igual um cachorrinho schnauzer alemão em seu passeio matinal com o dono pelo parque.

Outra observação que fiz foi com relação a como as pessoas seguem a moda, sobretudo as mulheres. Está na moda usar calça jeans com bolsos baixos, aquelas que deixam a bunda bem amassada. Você entra nas lojas e só encontra calças jeans que deixam a bunda amassada. Para aquelas mulheres que não são muito adeptas do uso diário de caneleiras com pó de ferro para manter tudo em cima, a calça acaba realçando o cair dos anos. Sem trocadilhos. Falando ainda em moda, a mulherada cismou de usar calça fuseau com batas coloridas. A gente caminha na rua nos lugares mais descolados e parece que existe um exército feminino colorido vestido com calças fuseux e batas psicodélicas de ‘viscolycra’. A indústria agradece ao exército pela fidelidade. Entra ano, sai ano, a mulherada está endividada, mas está na moda.

Bom, o que tem a ver o moço desengonçado com as mocinhas neo-psicodélicas? Tudo é uma questão de estilo. Explico-me.

Mais vale o estilo de um engravatado e desengonçado schnauzer alemão do que a falta de estilo de um exército de ‘fuseux’ pretas de salto alto...

Eu ainda prefiro os fofinhos schauzers desgrenhados e estilosos....

Claudinha

segunda-feira, 30 de julho de 2007

PSICOLOGIA E POESIA

Um amigo meu está fazendo psicologia e precisa contar três casos narrados por pessoas que passaram por análise ou terapia. Ele me ligou hoje pela manhã porque sabe que fiz alguns anos de psicanálise e perguntou se nesse tempo houve algum fato que eu quisesse dividir com ele para seu trabalho. A princípio eu disse que não havia nada que fosse relevante de fato mas passei a tarde pensando sobre isso e resolvi escrever esse texto.
Quando eu tinha 16 anos estava passando por uma fase de profundas transformações e mergulhei em alguns autores do pensamento ocidental como Freud, Sartre e Nietzsche. Eu era bastante místico e esses autores me faziam refletir sobre idéias às quais eu estava acostumado, principalmente no que se referia à espiritualidade. Foi então que falei pra uma tia psicóloga que eu discordava de algumas idéias do Freud. Ela respondeu que isso era uma projeção decorrente do meu medo de mim mesmo, que o Freud era uma representação simbólica do mergulho em si mesmo etc. Na época eu ainda não sabia que a psicologia é uma espécie de religião. Fui fazer análise. Foram alguns anos e quando saí da terapia pouco ou nada mudara de fato. Mas dos 17, 18 anos até uns 20 anos eu vivi intensamente. Abandonei o ocultismo e a filosofia e fui conhecer o mundo, as pessoas que andam nas ruas, que amam e odeiam de verdade, que sofrem por não se renderem ao modelo Rede Globo de felicidade e bem-estar que norteia o povo brasileiro.
Aos poucos fui voltando às minhas leituras. Mais maduro, mais crítico. E fui fazendo novos e bons amigos, inclusive muitos psicólogos.
E fui percebendo que a psicologia pode ser a maior inimiga da poesia, que algumas pessoas vestem a psicologia com a mesma paixão que os fanáticos religiosos. Assim como os fanáticos vêem o diabo em tudo, alguns psicólogos vêem a anormalidade e a angústia em todos. Houve um tempo que você tirava um retrato em preto-e-branco porque era charmoso mas isso pode sinalizar o início de um quadro depressivo, já que não tem cores, ou pode ser indício de transtorno bipolar. As roupas também podem dizer muito, e partindo do princípio que existe um modelo ideal de se vestir a ser seguido, geralmente o do próprio psicólogo que está analisando, também podemos perceber a loucura alheia. E por aí vai. Coitado de quem gosta de Marilyn Manson... ou é frívolo ou serial killer.
E toda essa capacidade de análise vem junto com o diploma universitário que categoriza os especialistas na alma humana.
Bem, o que podemos dizer? Caralho.
Ops, isso é uma fala fálica...
Bem, lá vai... C A R A L H O ! ! !
Ninguém entende da alma porque entender é uma faculdade mental e a mente é uma parcela pequena do ser humano. Hoje sabemos que somos predominantemente seres afetivos. A mente é capaz de oferecer um número limitado de respostas. Podemos sentir a alma, como sentem os artistas. O que esses psicólogos fazem não é criar mas repetir aquilo que aprenderam em seus cursos. Não estou condenando a psicologia mas uma pequena parcela de psicólogos que sofrem de ego inflacionado. Se achar inteligente é perigoso, ainda mais nesse mundo tão caótico. Procuramos vida inteligente em outros planetas mas até hoje eu me pergunto se existe vida inteligente na Terra.
Em 2007 a psicanálise é uma peça de museu, quase integralmente dissecada e contestada pela medicina. Não adianta brigar com paixão para defender o charme do psicanalista de charuto atrás do divã, basta pegar as pesquisas mais recentes da neurofisiologia.
O psicólogo que fica analisando e criticando as pessoas deveria fazer terapia com um bom psicólogo. Antes eu achava que você se pune no outro. Tenho descoberto que às vezes você pune o outro por não ser você.
O mundo não é doente, ao contrário, a harmonia é a condição sine qua non da existência. O mundo está doente e isso é o resultado de questões muito amplas, não temos como dar uma resposta apenas. Sistema político, estrutura econômica vigente, fanatismo religioso... as variáveis são muitas. Mas poderíamos começar sendo mais sensatos, menos passionais e tendo mais discernimento.
Eu voltei às minhas leituras espiritualistas. Meus amigos psicólogos continuam psicólogos. Minha tia psicóloga está fazendo pós-graduação em acupuntura. O mundo continua sendo mundo.
Espero que esse texto ajude os estudantes de psicologia da turma do meu amigo a refletirem sobre a postura que adotarão no que se refere às ferramentas oferecidas pela psicologia para ajudá-los na compreensão das pessoas e do mundo, ferramentas muito importantes quando bem usadas. E que nunca se esqueçam que todos somos um pouco insanos e isso é o que dá dinâmica à existência. Um mundo perfeito não existe e se existisse seria chato à beça.

sábado, 28 de julho de 2007

AXÉ BAHIA !

Estimados Amigos,

A Bahia teve um ataque cardiáco e o ACM decretou 5 dias de luto oficial. Haja axé. Axé ACM, valeu pela força que você deu a mídia J.Nacional !

Não adianta mais o slogan 'cansei, cansei, cansei'. Pura perda de tempo estas campanhas pseudo-ecologicamente responsáveis.

O mundo virtual da classe média carbonizada está com a mão na massa para por no forno um protótipo de partido político neo-aristocrata. Detalhe: candidatura se faz com campanha de "insider e business plan". Nada de publicitários-gurus-bahianos. São os tempos modernos de pós-globalização.

Axé !

Claudinha

ps.: essa mensagem é em homenagem ao Mino (Carta)!

terça-feira, 17 de julho de 2007

NEM DÍZIMO NEM SERMÃO

Estou lendo um livro do Aldous Huxley, o célebre autor de ADMIRÁVEL MUNDO NOVO, que falava nos idos anos 30 sobre a sociedade de laboratório. É um clássico, recomendo. Li este livro em 1989 e até hoje a história permanece viva em minhas memórias tal o grau de surrealismo ali coloquialmente expresso.

Bom, este livro que estou lendo agora é outro, é o livro que inspirou o conjunto de rock americano The Doors a assim se chamar. Fala de uma experiência do autor com o princípio ativo de uma planta enteógena (aquelas do tipo do Santo Daime ou daquelas que os incas usavam em seus rituais indígenas). O autor chama o cérebro humano de válvula redutora da criatividade e percepção. Imaginem: já pensou se servissem esse chá aos fiéis nos cultos evangélicos ? Quantas válvulas redutoras poderiam voltar a ser cabeças pensantes ? O perigo seria uma percepção coletiva... A igreja entraria em colapso... A TV Record nem existiria e a Luciana Gimenez estaria vivendo de pensão do Mick Jagger, coitadinha, até hoje !

(Não entremos no mérito de crenças, que isso não se discute. Mas repito que aqui expresso só opiniões, o que não significa que eu não respeite e até tenha amigos evangélicos.)

Se é verdade que estas tais plantas do poder expandem a consciência das pessoas (isso nada tem a ver com drogas, assim eu li no livro), talvez se isso fosse incorporado na cesta básica de muita gente (se é que realmente expande a consciência e a percepção das coisas), vamos imaginar os fiéis evangélicos pegando fila para tomar sua dose e ter suas mirações ali mesmo na igreja.

Imaginem só a cena. Aparece um arcanjo numa nuvem azul e diz ao fiel para ele largar mão de ser trouxa, voltar para a escola, arrumar um emprego melhor e usar o dízimo para pagar um curso de inglês. Um outro fiel poderia aproveitar para bater um papo com um Ser superior e ouvir deste que a Palavra é onisciente e questionar a si mesmo se isso é de comer.

Como disse um padre italiano que conheci, as pérolas não se jogam aos porcos (!) Imaginem vocês um padre dizendo isso. Olha que os fiéis nem desconfiam que ele acha um saco rezar missa...

Não tenho nada contra padre, frei, pastor etc. Pelo contrário, tenho um grande respeito por pessoas que se dedicam a levar boas palavras às outras. O problema é a massificação das coisas. Ouvi de um amigo muçulmano uma vez que a religião foi criada para organizar a sociedade e por quê desorganizar não ? Foi a melhor definição de religião que já ouvi até hoje.

De qualquer forma, eu fico com os xamãs que não cobram dízimo e que não obrigam as mulheres a andarem só de saia e a não usarem maquiagem!

Pagar dízimo além do tanto de impostos que pagamos é um insulto à mais onipresente das consciências e eu ainda não surtei !

Claudinh@

quarta-feira, 11 de julho de 2007

NA AMAZÔNIA NÃO !

A inspiração para escrever às vezes vem de uma surpresa num dia comum, às vezes vem de uma grande alegria ou até mesmo de uma certa revolta com relação a algum tema. Embora eu não sofra de TPM (Tensão-Pós-Matrimonial) nem tenha freqüentado a USP no final de década de 70 (eu era muito novinha naquela época), têm me inspirado nos últimos dias alguns fatos relacionados à cortina de fumaça que paira sobre a mídia brasileira, que gosta de dar uma embaçadinha na informação.

PERDOEM-ME se parto um pouco para falar de economia – um tema que adoro – mas o blog é meu e eu escrevo sobre o quiser J Brincadeirinha, podem enviar idéias, serão bem-vindas !

Ontem de manhã fui ler as notícias num site na Internet e tinha uma manchete falando que o governo chinês aprovou a pena de morte para um ex-ministro acusado de corrupção. Curioso que a notícia ficou no ar muito pouco tempo. O Jornal Nacional não falou nada a respeito... Estes jornalistas da Globo devem sofrer à beça estudando jornalismo e depois tendo que aprender redação publicitária e artes cênicas para divulgar as notícias, nossa como eles estudam para poder trabalhar na Globo !

Já pensou se a moda pega aqui no Brasil e fossem enviar para pena de morte todos os corruptos ? Teriam de desmatar as florestas amazônicas dos Territórios Brasileiro, Boliviano e Peruano inteiras só para poder enterrar os acusados após cumprimento da pena... Por isso que a pena de morte não pega no Brasil. Precisamos respirar ar puro com fuligem, melhor que ar puro com cheirinho de detritos orgânicos.

Acordo hoje e resolvo tentar ler e entender por quê é que o Brasil é considerado um país seguro para investir, por quê é que o dólar não pára de cair, por quê é tem tanta gente desempregada, por quê é que tem tanta indústria de pequeno e médio porte fechando, por quê é ...

Bom, é assim: os gringos especulam aqui e faturam, os bancos daqui faturam, os pequenos e médios empresários que não possuem conta corrente na Câmara pagam os impostos direitinho, o Papa diz amém e na Amazônia ninguém enterra ninguém !

Bom, agora que já entendi, sigo feliz aprendendo mandarim e praticando taoísmo.


Claudinha

segunda-feira, 9 de julho de 2007

DEUS É BRASILEIRO E CRISTO É CARIOCA

O Cristo Redentor foi eleito como uma das sete maravilhas do mundo. Sai o Zeus do Olimpo e dos deuses gregos e entra o Deus protetor-mor dos sem-teto e dos favelados. Saem os Jardins Suspensos da Babilônia e entram os canteiros de obras dos Jogos Pan-Americanos de 2007.

A Acrópole ficou de fora e os gregos ficaram irados como o Fernandinho Beira-Mar quando mandaram seus apóstolos fazer rodízio de lá de Presidente Wenceslau. Sorte nossa que os gregos não são tão irascíveis quanto esta turma da Baixada. De poesia ali restou só mesmo a eterna Garota do Tom Jobim, que hoje faz Direito com a galera da Terceira Idade de Ipanema e dá assessoria jurídica aos sem-teto do Aterro do Flamengo.

O Palácio Muçulmano de Alhambra, de Andaluzia também ficou de fora. Perderam para os fãs dos padres pop-cariocas e para a Turma dos Garotinhos Evangélicos.

Mediante tanto desconforto diplomático, os organizadores alegaram para os europeus indignados que o Cristo ganhou porquê teve maior quorum de votantes. Bom, desculpinha esfarrapada né ? Se este motivo fosse bom o suficiente as 7 Maravilhas do Mundo seriam chinesas.

Ocorre que os seguidores de Buda não precisam de ídolos para ter sua auto-estima elevada e não têm tempo para votar em pesquisas no estilo britânico de ser (aquelas do tipo quantas esposas usam lacinho nos cabelos em dia de Natal).

Tudo bem, o Brasil ganhou de goleada do Chile esta semana e o Cristo Redentor foi eleito uma das 7 Maravilhas do Mundo. Ah ! E o Cirque du Soleil está com ingressos esgotados até 2010 em suas apresentações no Brasil. Pão, Cirque du Soleil e o Brasil nas quartas de final da Copa América, do jeito que o povo gosta.

Perdoem-me vocês europeus, mas não esquentem a cabeça com essa pequena derrota. Da próxima vez seria bom vocês considerarem contratar um cara do naipe do Nizan Guanaes para fazer um lobby junto à organização do evento e quem sabe assim haveria mais maravilhas européias e ninguém lembraria que o Cristo Redentor é carioca e que Deus é brasileiro.


Claudinha

PROSA GAÚCHA

Lá vem o gaúcho

No seu cavalo alado

Com sua bombacha

Punhal e esporas de prata

Chapéu de abas largas

Guaiaca novinha em folha

Barbicalho de couro trançado

Chimarrão em punho

Facão afiado

Por entre o poncho-pala

Pra quê

Tchê ?

domingo, 8 de julho de 2007

TEMPOS MODERNOS

Nos tempos em que já não se constroem mais lares como antigamente, ou seja, não mais com paredes frágeis dividindo as mazelas sonoras dos lares, mas sim em apartamentos apertados, construídos sem nem mesmo uma pracinha por perto para a gente poder se sentar e contemplar as crianças brincando numa noite quente de inverno e fofocar um pouco com o vizinho, heis que surgem novas ferramentas para os curiosos contemporâneos da vida alheia. Explico e exemplifico.

Há algumas mudanças do ponto de vista cognitivo-social nos tempos modernos e na era do relacionamento pela Internet. As pessoas se falam menos por telefone e pessoalmente e se falam ou se bisbilhotam mais virtualmente. Nunca se viu digitadores tão velozes e furiosos como se vê hoje em dia. A nova era da comunicação criou indivíduos que além de terem aprendido a baixar MP3 de graça na internet para economizar em CDs, aprenderam também a utilizar os recursos da internet para dar uma vasculhada na vida alheia: por quê não dar uma espiada né ?

Recursos como Messenger, Orkut, Skype e outras tantas ferramentas de comunicação on-line com as quais cada um deixa sua marca registrada servem para mostrar para aquele ex-colega de faculdade que sua vida profissional vai muitíssimo bem obrigada (ou pelo menos ia bem na época em que aquela foto foi tirada) ou para ir à forra com uma ex-namorada mostrando a foto da atual namorada de biquíni...

Recentemente comecei a colocar umas frases espontâneas de chamada no meu perfil do Messenger sem imaginar que uma delas poderia causar uma tremenda confusão familiar. Descobri estes dias que na cidade de interior onde moram muitos parentes meus todos estavam curiosos para descobrir quem da minha família estava grávida, se minha irmã ou minha cunhada. A cidadezinha interiorana de onde vem minha família quase inteira estava sabendo que a família iria aumentar e a notícia só não foi publicada no Caderno ‘Vida Social’ da cidade porquê logo que tomei conhecimento da tremenda confusão, tratei de desfazer o mal-entendido rapidamente.

Ocorre que uma grande amiga minha, que não mora no Brasil, está grávida. Quando esta me deu a notícia, eu carinhosamente disse a ela que ganharia mais um sobrinho e para expressar minha alegria de modo virtual, dada a distância física que nos separa, resolvi escrever no meu perfil pessoal do Messenger que ganharia mais um sobrinho... Heis o motivo da grande confusão...

Confusão desfeita, moral da história: o peixe morre pela boca... ou pelos dedos...

Claudinh@

terça-feira, 3 de julho de 2007

O TRIGO E O DRAGÃO

Estou pensando em ir passear na China. Não que eu goste tanto assim de comida chinesa ou de badulaques eletrônicos xingling. Nada disso. Só pensei em ver de perto como é que com tanta gente, eles conseguiram tanta coisa nas últimas três décadas. Juscelino Kubitschek deve ter reencarnado por aquelas bandas para se vingar dos verdinhos brasileiros e construir por lá as pontes e os túneis que nem o Maluf consegueria colocar na prancheta.

(Cá entre nós, se o Maluf tivesse que comprar os materiais de construção por lá com certeza o espírito criativo dele não permitiria que ele fosse mais que um projetista de Cadcam).

Bom, quem sabe se reencarnado nas terras do dragão vermelho, JK pudesse exercer seu lado zen nos jardins da Praça da Paz Celestial regando flores de lótus aos invés de mudas de mandioca bem em frente à Cidade Proibida e poderia ir trabalhar a pé para evitar qualquer contratempo.

Outro dia li num periódico que até vitamina C e remédios genéricos estão vindo de lá para cá. É assim: a gente manda o trigo e eles pagam em yakissoba.

Vai ser interessante dar uma passeada e tomar café (o chá está virando coisa de turista por lá) com meu amigo Joe Xia em Xangai, um globalizado trader chinês que já trabalhou para corporações européias como ‘procurement agent’ (ou comprador). Procurement agent é mais chique.

Ontem falei com o Joe e ele me disse que no trabalho está tudo bem. Disse que pretende se casar dentro de um ano. Perguntei como se chamava a princesa consorte e ele me respondeu que ainda estava procurando... Enviei minhas boas palavras para ele de bom agouro e ele me agradeceu muito.

Bom, preciso dizer que me rendi a eles... Já que não sou do Partido Verde, nem trabalho com a equipe da Marina Silva e nem tenho paciência chinesa para esperar JK reencarnar por estas terras, pensei: se Buda não vai até a Montanha, a Montanha vem até Buda.

Claudindin

domingo, 1 de julho de 2007

AULA VAGA

Esta é uma pequena homenagem aos professores de Matemática que odeiam corrigir erros de Português. Também uma homenagem ao Professor Fernando, bom de papo, de copo, de taça, de caneca, de tacinha... :-D

...

A aula de Contabilidade Geral para o segundo Processamento ‘A’ tinha sido uma tormenta sobre o Mar Morto. Aquela classe não tinha mais jeito mesmo ou eu é que não tinha mais jeito para a coisa. O pior é que eu estava abandonando o leme de um navio cuja bandeira precisava ser trocada: de preta com caveira para branca com cachimbo da paz!

Fazer o quê? Ganhar uma miséria fazendo a relação Custo & Benefício? Nem com a ajuda da mão invisível de Adam Smith!

Elaborar considerações sobre as regalias que o colégio dava – dentro ‘daquele’ esquema, claro – e sobre o fato de que minha presença ali só se fazia necessária duas vezes por semana, desconsiderando as reuniões pedagógicas, cursos sugestivos de neurolinguística, elaboração de provas oficiais, extra-oficiais, trabalhos escolares, correção de todos estes... Ah ! Os tripulantes tinham que aprender a nadar. Já era tempo. Que viesse uma broaca velha àqueles piratas órfãos da Dona Boa Educação do Senhor Bom Senso ensinar que débito era (era não, é!) a aplicação dos recursos e que crédito a origem dos mesmos. Sinal mais para débito e sinal menos para crédito. Sinal verde para a broaca velha vir e sinal amarelo para eu cair fora.

Lembrar daquela vírgula no final da resposta sobre uma pergunta referente ao conceito de Despesa foi o ponto final. Corrigir erros de Português é uma coisa de estupidez é outra. Não que eu me exaltasse com facilidade, mas cá entre nós, ex ou não-professores: joguinho eletrônico, heavy metal, giz branco e contabilidade decididamente resultam numa salada russa em Paris... Pior que sair da aula para ‘posso comer um cheese-salada na cantina, Professora’ só mesmo ‘posso ir NO banheiro, professora’...

Era um tal de ‘Professora, posso ir NO banheiro’ que numa bela manhã de terça-feira a minha bexiga quase estourou de cistite e perguntei à classe:

- Escuta aqui, pessoal, o que é que vocês tomam no café da manhã, cerveja ?

A classe caiu na risada. Santo remédio para o excesso de vontade de ir AO banheiro essa cerveja que eu usei. Sabe que o congestionamento nos banheiros diminuiu? Estranha essa juventude de uns dez anos para cá depois da minha... Há poucos anos tudo era tão diferente. Há dez então nem se fala ! Ouvir no segundo dia de aula um ‘A Sra. Fala muito difícil, professora’ já começou a me preocupar.

Eu dizia a eles para animá-los e em partes também para esconder meu lado adolescente que não existem pessoas burras, mas pessoas que têm preguiça de pensar.

Bem, a primeira vez que ouvi essa frase não foi exatamente com esse samba-enredo. Foi um pouquinho diferente, de um palhaço que sentava ao meu lado, na faculdade, o Reginaldo. Que figura!

Certo dia, ou melhor, certa noite, depois de uma carregada aula de Matemática Financeira, depois de ele ter resolvido um problema sobre montante com juros compostos e verificado a minha dificuldade em chegar ao resultado rapidamente, virou-se para mim e disse que eu não era burra, mas que tinha preguiça de pensar. Ele estava tão certo que eu levei uns cinco anos para concordar com ele. Coisas da vida...

Deixem-me ver onde parei... Ah ! Na vírgula no final da resposta,

Foi naquele dia de um final de outubro, que cheguei no diretor e falei categoricamente que meus demais compromissos profissionais estavam subestimando as potencialidades das duas classes e que eu não poderia prejudicar nem o colégio, nem os alunos, nem os bolsos de seus pais e, portanto, que seria melhor dar a vez para um outro professor que tivesse maior disponibilidade de de horários que eu. Ótima saída. Não é que deu certo ? Consegui que o colégio me dispensasse, ou seja, garanti meu Natal e meu Ano Novo. Bem, o dinheiro seria para garantir a ceia de Natal e o FGTS que sairia dali a um mês garantiria uma garrafa de champagne rose à beira da praia. Praia Grande, lógico, que ninguém é perfeito né?

De vez em quando sinto saudades, mas acho que foi melhor assim. De qualquer maneira, a minha alegria em me ver livre daquele povo de falsa esquerda, diga-se absolutamente pós-modernistas em termos de filosofia capitalista, me deixou com um pé atrás. Hoje sou mais calma, claro, o que prova que tudo tem seu preço.

Tem sido bom para as três partes, tive dito e pedi deferimento.

Atenciosamente, sempre, é claro. Justíssimo.

Claudinha

sexta-feira, 29 de junho de 2007

UMA HISTÓRIA DE AMOR NO CONSULTÓRIO

Oi Pessoal,

Desculpem a ausência. Tive de faturar algum estes dias porquê as clicadinhas nos anúncios do Google daqui não dão nem pra pagar o almoço de um dia da semana. O blog tem um caráter assistencial e filantrópico, mas se entrar um extra não vou achar ruim...

A história de hoje é sobre o amor e como tudo pode acontecer. A esperança é a última que morre. Uma bonita e surpreendente história de amor...

Se passa na sala de espera de uma clínica psicológica. Com uns vasinhos de flores, uma mesa com algumas revistas, jornais, cinzeiro e uma mesa de recepção sem recepcionista. Dois pacientes aguardam sua vez e aquela necessidade de descontração faz-se perceber. Seria melhor dizer talvez necessidade de certificação de que fazer terapia não coisa só para louco... Ambos começam então um prosaico diálogo. Bem, a princípio o diálogo é prosaico... Quando a segunda personagem ('o machão violado') descobre que trava diálogo com uma bicha enrustidésima, que só se revela quando a conversa fica mais light, aí...

(Otávio César ou Tatá todo posudo e sério, com ar de quem quer quebrar ou gelo sem, nem mesmo de longe, dar o ar de quer dar uma azaradinha)
- Nossa, como esfriou, né?

(Roberto Carlos, todo desconcertado, meio distraído, mais muito cortês)
- É realmente. Acho que finalmente começou o nosso inverno.

(Tatá, mais a vontade, quase que sorridente)
- E eu que nem consegui aproveitar minhas férias e o verão...

(Roberto Carlos já menos desconcertado e com certo ar de curiosidade)
- Poxa, tivemos um verão tão agradável. Você esteve trabalhando? Não pôde viajar?

(Tatá, com certo ar de quem pede compreensão, mas ainda sem demonstrar nenhum grau de afetação)
- É. Estive sim. Estive trabalhando muito. Acho que é por isso que vim parar aqui. Estafa, sabe? Primeiro vem aquela sensação de ansiedade, Síndrome do Eu Posso, eu Quero, eu Faço e depois vem ... Ah, você me entende , não?

(Roberto Carlos, meio pensativo e emotivamente solícito)
- Acho que eu entendo. Acho também que não é só trabalho que provoca stress, estafa, depressão. Existem outros fatores que também podem nos levar à beira da loucura...

(Tatá, já mais descontraído, cruzando as pernas d e l i c a d a m e n t e e visivelmente interessado na conversa)
- Também acho. Acho até que isso se aplica no meu caso.

(Roberto Carlos, sem perceber a ligeira afetação de Tatá, curioso)
- Ah, é? Por quê? O que aconteceu?

(Tatá, quase que feliz, um pouquinho mais afetado)
- Ai... Tantas coisas. Imagina você ter que terminar um relacionamento seríssimo por questões profissionais... Isso aconteceu comigo.

(Roberto Carlos, tão curioso que nem nota a afetação de Tatá)
- Sério? Nossa, rapaz (Tatá dá uma olhadinha para o lado com cara feia por causa do 'rapaz' ). Sabe que comigo aconteceu um lance meio parecido? Eu não tive escolha... Mas a minha cabeça tá numa confusão só. Eu é que sei.

Tatá já quase em ponto de bala, controla-se e volta ao estado de enrustido. Enquanto isso a recepcionista chega, senta à sua mesa, começa a arrumar uns papéis e diz com a maior frieza do mundo a Tatá e a Roberto Carlos que o doutor ainda não tinha chegado e que demoraria um pouco para atendê-los, pois ligou antes de sair e avisou que teria que atender um paciente que acabara de tentar se matar. Os dois assentem, meio irritados, mas logo em seguida dão prosseguimento à conversa.

(Tatá, reanimando a prosa, todo atencioso)
- É triste isso, não? Coitado! Apesar de tudo que me aconteceu eu não teria coragem de fazer isso. A vida é tão bela, apesar de tudo.... Decidi não abandonar minha carreira por causa de uma 'zinha' qualquer. Eu conquistei meu espaço num mercado tão difícil de trabalho. Fiquei magoadíiiiiiissima (Tatá pronuncia o adjetivo no feminino sem querer, mas logo já muda a entonação de voz, para não dar bandeira) . Mas aí né cara, fica valendo que tudo na vida tem um preço. Ou você paga pra ver, ou fica devendo, isso quando você não tem que pedir algum emprestado... E no meu caso, meu filho, eu paguei à vista!

(Roberto Carlos, nada desconfiado sobre Tatá dá corda ao assunto...)
- Bem, no meu caso foi diferente. Eu deixei meu trabalho por causa de uma vagabunda, que depois me deixou. Agora estou sem emprego, sem dinheiro porquê ela me rapelou , sem mulher e desmoralizado.Emprestei a vista e eu é que estou pagando os juros...

(Tatá, se aproveitando da fraqueza de Roberto Carlos, dá uma de amigão, mas quase sem conseguir controlar sua afetação, alternando o tom de voz de mais fina para mais grossa)
- Eu tive um amigo que passou por situação como a sua. Ele sofreu à beça. Mas hoje em dia ele é outro homem. Eu, sem usar de falsa modéstia, posso dizer que o ajudei bastante.

(Roberto Carlos, se mostrando interessado, como que se estivesse pedindo um conselho a um amigo)
- O que aconteceu com seu amigo?

(Tatá já resoluto em contar a verdade)
- Ele estava noivo, com tudo pronto para se casar e a sua noiva, dois dias antes do casamento, mandou entregar uma carta na casa dele dizendo que não poderia levar adiante aquela farsa. Que sentia muito por tudo, por todas as fitas que tinham alugado para assistir juntos, pelas flores cor-de-rosa que ele mandara no dia seguinte ao que eles se conheceram, as tardes de sábado no Parque do Ibirapuera, as caixas de bombom Garoto, os cartões musicais no Natal, na Páscoa, em seu aniversário, no dia dos Namorados, aquele perfume do Boticário que ela não tinha gostado muito, mas que a mãe tinha adorado... E também pelo carinho especial que ele tinha para com sua família. Seu pai, sua mãe e seu irmão, que chegara a dizer que jamais conhecera uma pessoa tão sensível quanto ele... Dessa forma, ela não teria o direito de dar prosseguimento ao relacionamento de uma maneira tão séria, tendo em vista sérias circunstâncias...

(Roberto Carlos, quase ajoelhado de curiosidade)
- Mas que sérias circunstâncias??? O que pode levar alguém a tomar uma atitude dessas num relacionamento tão bonito, tão profundo... Eles se casariam, ele a ajudaria a lavar os pratos, lavar, passar, cozinhar, trocar as fraldas das crianças, assistir ao lado dela, aos domingos, seu timão jogando contra o ‘Palmêras’... O que poderia atrapalhar um futuro tão romântico, tão cheio de alegria, de amor? O que poderia ser mais belo que olhar para as camisas passadas do marido e pensar consigo: Ah, como é bom vê-lo sempre elegante, alinhado! É... Realmente as mulheres são imprevisíveis...

(Tatá chega até a se emocionar, mas depois adquire ar de Hitchcock, se sentindo o dono da situação, considerando seus talentos artísticos para representação, claro)

- Bom, meu amigo, O Ivonaldo, tinha uma irmã. Muito bonita, aliás, morena, 1,80, cabelos longos, olhos azuis e extremamente requintada. Uma moça digna de entrevista na Marie Claire. Formada em Comunicação, pós-graduada em Economia Contemporânea Brasileira, exercia o cargo de assessora de imprensa dentro de uma importante empresa, cujo nome não me ocorre agora. O que mais impressionava era o fato de que ela não era muito exigente com seus namorados, sabe? Bom, talvez pelo fato de que ela raramente aparecesse com um em casa...

(Roberto Carlos, perdido e tomado pela curiosidade)
- E daí? O que tem a cunhada a ver com o casório? Não estou entendendo mais nada! O que tem a ver o fato de ela ser gostosona, inteligente etc. com o fato de o casamento não ter se realizado?

(Tatá, no suspense, enquanto pensava num final feliz, não muito trágico nem cômico ou chocante demais para a história que acabara de inventar)
- Esse foi o principal problema. Ela era muito gostosa. E acontece que muita gente achava isso...

(Roberto Carlos absolutamente impaciente)
- Não, não é possível. Deixe-me ver. O cara perdeu a noiva e isso está relacionado com o fato de que muita gente achava que a irmã dele era boazuda. Eu estou certo? Tá, mas qual o parentesco do pato com o ganso?

(Tatá, soberbo, já não se preocupando com a afetação, cruza, descruza as pernas, acende um cigarro e desfila o princípio do epílogo)
- Sabe que hoje um dos meus melhores amigos é o Ivonaldo, graças à força que eu dei pra ele?

(Roberto Carlos, quase que estrangulando Tatá)
- Mas será? Por quê? Não estou conseguindo ligar os pontos. Qual é, cara? Eu ainda não tô louco, não. Que as mulheres são imprevisíveis, disso eu sei muito bem. Aliás, acho que não vou querer saber de outra tão cedo, mas tanto assim? Me conta logo vai.

(Tatá, aproveitando a oportunidade, finalmente conta o desfecho da história)
- Sabe, às vezes acontecem coisas que não dá pra explicar. Aliás, talvez até dê. Talvez por isso nós estejamos aqui. Bem, resumindo, a noiva do Ivonaldo se apaixonou pela irmã dele, que já vinha dando bola pra ela, desde que essa começou a frequentar a casa dos pais do Ivonaldo. E no dia em que ela deixou o bilhete na casa dele, que aliás foi colocado em cima da mesa da cozinha pela própria irmã dele, ela aproveitou para pegar a ex-cunhada, com mala e cuia e elas se mandaram juntas. Agora você me pergunta como eu sei de toda a história. Eu te digo. O segundo bilhete, escrito pela irmã do Ivonaldo, que já era minha amiga, esta mesma o escreveu e deixou comigo para que - veja você - eu o entregasse a ele!

(Roberto Carlos, visivelmente estarrecido, quis saber mais)
- Mas o que estava escrito no bilhete que ficou com você?

(Tatá, já calmo por ter conseguido passar pela fase crítica da sua estória)
- Bem, ela pede mil perdões e disse que o sentimento que a tinha tomado era muito mais forte até que a razão e que seria uma boa ocasião para ela finalmente poder revelar seu outro lado. Aquele que estava prestes a explodir. Disse também que pouco se importava com o que os outros pudessem pensar a seu respeito e pronto. Só queria ser feliz e que o irmão também fosse. Afinal, se houve uma correspondência da parte de sua ex-noiva, é sinal que ele ia cometer um grande erro se se casasse com ela. Ah, e disse também iriam passar a lua-de-mel em São Francisco e que mandariam um postal de lá.

(Roberto Carlos, atordoado, mais ainda curioso)
- E o Ivonaldo, como reagiu a tudo isso?

(Tatá, já quase exausto com a novela que havia criado, que não tinha mais fim)

- O Ivonaldo ficou mais arrasado por causa da irmã do que por causa da noiva, dá pra acreditar? Da irmã ele nem desconfiava, mas da noiva...

(Roberto Carlos, agora sim intrigadíssimo)
- Mas como ele ia se casar com ela se ele desconfiava... Meu Deus do céu!

(Tatá, simplificando e já sem preocupação alguma com o doutor que não chegava tampouco com o que o outro ou a recepcionista iriam pensar a seu respeito, soltando pétalas...)
- Bom, estando casado, ele poderia continuar se encontrando com... com o irmão de sua noiva. Facilitaria bastante. Mas depois da sua noiva tê-lo deixado, isso ficaria mais difícil. Foi então, que ele achou melhor se separar também do irmão de sua noiva, mudar de endereço e de corte de cabelo.

(Roberto Carlos o olha com ar de quem não espera mais surpresa alguma)
- E como você conseguiu ajudá-lo numa situação tão delicada? Me diga, pois se um caso desses teve solução, por quê não o meu, que foi bem mais simples ( diz meio desolado...)

(Tatá finaliza triunfante e fingindo uma certa tristeza maquiavélica)
- Foi simples. Ele mudou para o meu endereço. (suspira). Mas semana passada ele foi embora. Pra São Francisco, pois disse que com a irmã lá, as coisas seriam mais fáceis. Trabalho, essas coisas, sabe? Mas tudo bem. Eu já estou me recuperando. É por isso que eu tenho trabalhado tanto. Acho que é pra esquecer ou fugir.

(Roberto Carlos, já não mais o machão desolado...)
- Afinal, não foi por uma questão pofissional que ele te deixou?

(Tatá, com aquele gostinho de vitória...)
- Foi. Ele não conseguiu aceitar o fato de eu ganhar mais que ele...

(Roberto Carlos já transformando-se numa pessoa mais 'alegre'...)
- Acho que esse doutorzinho não vem mais, né? O que você acha? E o pior, menina, é que está quase na hora do almoço, eu não tomei café e já estou morrendo de fome...

(Tatá, extasiante)
- O que você acha de nós remarcarmos nossa consulta para outro dia e irmos almoçar em casa? Depois a gente pode pegar um filme... Passar no Franz Café e tricotar um pouquinho. Eu ando me sentindo tão só, tão desolada. Ai, eu ando tão assim...

(Roberto Carlos volta à pose inicial, retoma a impostação de machão e levanta-se, voltando para a recepcionista, que nem ao menos o olha, de tão entretida que está com seu walkman e com o livro de Jung que lê)
- Acho uma tremenda falta de respeito a gente ficar esperando aqui um tempão e depois ninguém nem pra servir um cafezinho nessa clínica. Vamos embora.

(Roberto Carlos volta-se para Tatá e já um novo homem...)
- Vamos, que nãohá nada mais uó-do-borogodó do que esperar por um médico que não aparece por causa de um bofe que tentou se matar e ainda por cima nem pra dar uma satisfação. Ai, credo, eu hein?

(Ele olha para a recepcionista, meio confusa, que está ouvindo walkman e lendo seu livro e nem percebe que ambos saem de mãos dadas...E dão de cara com o psicólogo que os acompanha com os olhos com cara de assustado e depois senta-se em sua cadeira e pega uma revista da Marie Claire para ler e se dirige a secretária bem à vontade)
- Você fez o que eu te pedi?

(Ela toda solícita)
- Fiz, sim. Disse o que o senhor me falou pra dizer.

(O doutor já bem a vontade)
- Então, minha filha, pode tirar do fichário essas duas fichas aí. Esses dois não voltam aqui tão cedo. Ai, como é complicada a natureza humana, né? Eu é que o diga. Escuta, o Ronaldo Augusto ligou ?

(A secretária responde solícita)
- Ligou e disse que não estava muito bem, não. Sentindo uns enjôos, tontura. Disse que devia ser algo que tinha comido na noite anterior. Disse também para o Senhor não esquecer de passar no supermercado e comprar um pote de sorvete de flocos, marshmallow e um vidro de molho de alcaparras.

(O doutor a olha com um ar de preocupação)
- Então, não temos mais pacientes, hoje e podemos ir embora. Eu te dou uma carona.

(Ambos saindo já da sala)
- Menina, você nem imagina o que eu fiquei sabendo ontem... Você lembra do Alexandre...

A amor é lindo.

Claudinh@

quarta-feira, 27 de junho de 2007

AOS DESAVISADOS

Meus Queridos Amigos,

Em resposta às possíveis dúvidas advindas com relação aos textos aqui publicados, informo que este blog não é autobiográfico.

Não se preocupem, está tudo bem. A casa ainda não caiu, eu ainda não virei petista, nem macrobiótica, nem estou torcendo para o Corinthians.

O conteúdo deste blog é ficcão-não-científica com algum embasamento em Psicologia cognitiva e matemática financeira.

Está tudo bem !

:-D

terça-feira, 26 de junho de 2007

MINI-TEORIA VIRTUAL DA EXPANSÃO DA RAÇA HUMANA

O que teria acontecido se o homem só tivesse sido criado a fim de que um único tipo de existisse, o materno ? Talvez assim Deus não tivesse permitido que a humanidade caísse em tentação... Ou seja, Eva bem que poderia ter nascido antes de Adão a fim de ser sua mãe e não sua amante. Que loucura ! Já pensou ? Ao invés de comerem maçã juntos debaixo da sombra de uma frondosa árvore, correriam pelo Paraíso em busca de uma serpente que fizesse números de contorcionismo para fazer o menino rir até cair em sono tranquilo...

Talvez se Eva se não tivesse tido a oportunidade de saber que dali a alguns milênios tudo voltaria aos princípios... Aos princípios, sim. Explico-me. Se Eva não tivesse sido fecundada por Adão, mas pelos ancestrais do Anjo Gabriel, talvez hoje nem se ouvisse falar em engenharia genética...

Essa teoria virtual da expansão da raça humana poderia levar os mais céticos a questionar como seria possível termos chegado aqui, hoje, sãos e salvos e a mais absoluta semelhança divina, sem que tivesse havido a ciranda biológica que nos desencadeou. É muit simples. Se Lúcifer pôde ser um anjo caído e, partindo do princípio que Eva tenha sido criada antes que Adão, que chega ao paraíso como seu filho e não como seu amante, meia resposta já está dada.

A segunda metada baseia-se na hipótese de que Eva poderia ter tido a prerrogativa de ter escolhido para pai de Abel e Caim alguém que já tivesse sido anjo um dia...

Nem mesmo Malthus acharia tenebrosa essa teoria.

Se a humanindade, descendente divina de forma direta, fosse além disso, descendente de Eva e de um ta-ta-ta-ta-ta-taravô anjo, talvez o nome Adão nem existisse nos dicionários de nomes...

A utopia ainda é a maior perfeição já alcançada. O erro, a maior virtude, inclusive a divina, e o amor ... O amor, dessa forma o maior erro.

Por isso, rezo todas as noites e digo:

- Senhor, agradeço-vos por poder acertar e errar, amar e odiar numa mesma oração, já que não sou Eva, nem Malthus, nem Aldous Huxley.

Claudinha

UMA VAGA LEMBRANÇA

Já pensou se ao invés da gente rezar a noite antes de dormir (eu rezo!) a gente tivesse que fazer back-up e salvar numa espécie de 'pen-drive' tudo que processamos durante aquele dia e aquela noite ?

Amigos, acreditem, tem gente que faz coisas semelhantes. Tem gente que precisa anotar tudo num bloquinho senão não lembra o que tem que fazer na manhã do dia seguinte, mas não esquece que o Corinthians vai jogar no domingo contra o Palmeiras no Pacaembú... Bom, tudo é uma questão de prioridade. Cada um na sua.

Conheci um rapaz que levava um mini-gravador para a faculdade para poder cochilar durante as aulas. O duro é que naquela época os chips de memória ainda não eram tão potentes como hoje. O moço estudava comigo. Era vendedor. Raramente chegava na classe no sábado de manhã de ressaca. Chegava bêbado mesmo. Impressionante era que eu me matava de estudar e o tipo tirava nota boa. Ele se formou e hoje é empresário na área de entretenimento noturno.

Há casos interessantes também. Ontem meu sobrinho de 12 anos me confessou (via Messenger)
que está preocupado com suas notas. Ele me disse que presta muita atenção na aula, mas que não consegue intender quando um verbo é transitivo direto ou indireto e em quê que seria útil para ele aprender se a frase era subordinada adjetiva ou não. Aí ele arrematou dizendo que tudo que ele queria era casar, ter filhos e um emprego, sem grandes pretensões, portanto que tudo aquilo seria inútil aprender. Achei graça na objetividade dele e na auto-análise de que a inteligência dele deveria ser diferente da dos outros alunos por quê os outros vão mal, estudam um pouco e aprendem e ele segue continuamente a ir mal. Foi então que eu descobri com muito custo que ele não estuda em casa NADA. Bom, no final acho que consegui fazê-lo entender que a oração subordinada adjetiva é temporariamente importante em nossas vidas.

A minha memória é razoável até, mas altamente seletiva. Graças a Deus. Num país em que dizem que nós temos memória curta, ter memória seletiva acho que ainda é melhor !

Tenho dito !

Claudinha

segunda-feira, 25 de junho de 2007

B DE BABEL !

Olá Todos !

De tanto me dizerem que eu parecia mais psicóloga do que administradora de empresas, resolvi criar um blog para ajudar as pessoas. Já explico.

O fato de a profissão de administrador de empresas estar meio fora de moda nos tempos da tecnologia da informação (ou seria business intelligence?) tem me feito rever valores.

A minha manicure, por exemplo, hoje ganha mais que eu. Trabalha num salão bacana, tem vale-transporte e tudo. Um dia ela me disse que queria ter feito Administração de Empresas. Eu disse a ela que se ela tentasse uma vaga no Café Photo era mais negócio. Eu não tive coragem. O mais longe que cheguei foi me oferecer como professora de inglês para as meninas do Bahamas. Enviei meu Curriculum Vitae, mas ninguém me chamou para entrevista. Devem ter preferido algum nativo americano que em troca das aulas pudesse virar freguês.

Enquanto não pico a mula deste país, resolvi ajudar as pessoas que não têm dinheiro para pagar um terapeuta e darei minhas opiniões sobre questões do dia-a-dia e dos seus relacionamentos, problemas com chefe, com o namorado (ou pela falta de) etc. Investi uma grana preta em terapia e agora que tenho tempo por quê não ajudar a quem precisa ? Afinal, estou curada ! Heheheheh

Aviso: não faço e-commerce no blog com anti-ansiolíticos, velas para macumba nem cobro pela consulta, mas bipolares e maníacos-depressivos poderão eventualmente ser encaminhados a um especialista, amigo meu.

Divertam-se e Aproveitem !

Claudinha