quinta-feira, 9 de abril de 2009

DARYOKU !

Jurei para mim mesma que evitaria ao máximo escrever sobre meus alunos, mas confesso que não consegui deixa que a inspiração privasse meus leitores de umas boas prosas cômicas.
Eu não sabia muito sobre a cultura japonesa quando fui me aventurar a dar aulas de português e cultura brasileira para dois executivos japoneses. De uma coisa eu sabia: não seria fácil, mas decidi então que teria de ser divertido.
Explicar a diferença em ç, s, ss e z foi um dos primeiros desafios. Como explicar que na palavra casa o s tem som de z para alguém que nem inglês fala direito ? Haja criatividade. Para falar sobre a diferença entre o uso do R ou do RR foi mais fácil. Já que a empresa onde os dois executivos trabalham é uma fábrica de carros eu expliquei que o caRRO deles era caRo sendo ambos da área de marketing de produto, aprenderam !
Numa das manhãs em que eu estava meio de saco cheio e tinha de fazer o japonês entender de qualquer jeito a soletrar o alfabeto, resolvi desenhar uma árvore genealógica no quadro e comecei a perguntar sobre a família dele. Pai-Father. Mãe-Mother. Tio-Uncle. Tia-Aunt. ´Ah, sokka´ (ah entendi), dizia o meu aluno. Aí comecei a perguntar o nome dos parentes dele. Ele começou a dizer e claro que eu não entendi ! Então tive a brilhante idéia de pedir a ele para soletrar os nomes dos parentes... Em português. Aí ele disse ´andarô!´ (difícil!). Pois heis o cúmulo da maldade linguística: fazer um japonês soletrar os nomes dos parentes dele em português. Que funcionou, funcionou. ´Toné´ (ah tá).

Um dos alunos depois de 6 meses de aula já conversa em português comigo. Muito dedicado ele. Descobri há poucos dias através do meu outro aluno que ele arrumou um dicionário de cabelos loiros. O danado do japonês aconselhou o amigo recém-chegado do Japão, casado, com dois filhos pequenos a arrumar uma namorada para aprender português mais rápido. Fiquei atônita !

É certo que o meu aluno mais jovem, que chegou há apenas 2 meses do Japão com mulher e filhos está achando tudo maravilhoso, essa liberdade toda, essa paparicação, festas todas as semanas.

Minha missão é fazê-los se comunicar e a entender um pouco mais sobre esse país singular, cheio de culturas e o importante é o ´daryoku´ (esforço).

Haja daryoku !

Claudinha

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